Salve, espectadores! Quem acompanha o trabalho do Leitura ObrigaHISTÓRIA há alguns anos já ouviu falar na coleção Revoluções do Século XX, dirigida por Emília Viotti da Costa e lançada pela Editora Unesp. Em 2017 lançamos no canal um vídeo sobre dois desses livros, sendo o primeiro deles A revolução iraniana, escrito por Osvaldo Coggiola.

 

O autor desse livro nasceu em Buenos Aires, em 1952, e atua nas áreas de História e Economia Política, sendo atualmente professor da Universidade de São Paulo. Esse livro foi lançado em 2008, e assim como outros livros da coleção, é bastante conciso, o que permite uma leitura rápida. Essas obras se destacam pelo fato de que não falam apenas sobre as revoluções em si, mas dão o contexto histórico que desencadeou os processos revolucionários. E isso é fundamental: você não pode tratar uma revolução como se fosse algo que caiu do céu.

A região onde atualmente é o Irã é remanescente do antigo Império Persa, e vem sendo uma região conturbada há milênios. No século XX, o Irã tinha uma situação potencialmente catastrófica, com uma monarquia que se dizia herdeira dos antigos imperadores persas, que tinha uma retórica de modernização, mas que ao mesmo tempo era diretamente responsável pela manutenção da pobreza e da desigualdade, ostentando riquezas em um país com uma massa enorme de pessoas que tinha dificuldade de sobreviver. Além do mais, o regime em questão era notoriamente conhecido por ser bastante corrupto.

Nesse cenário, o fundamentalismo islâmico começou a florescer e ganhar cada vez mais força. Apesar de ser reconhecidamente corrupto, o regime do xá Reza Pahlevi tinha boas relações tanto com os Estados Unidos quanto com a União Soviética, além de, durante algum tempo, ter sido o único país membro da OPEP a ignorar o embargo de venda de petróleo a Israel, decretado pelos árabes em 1973. Sessenta por cento de todo o petróleo consumido em Israel era de origem iraniana. Isso colocava ainda mais lenha na fogueira daquele caldeirão, que culminou na queda da dinastia Pahlevi.

Um dos fatores mais interessantes dessa revolução é que, em um momento de polarização bilateral no mundo, onde a maioria dos países acabava caindo ou na zona de influência americana ou soviética, a revolução desprezava os dois lados do conflito. Ao mesmo tempo em que o aiatolá Khomeini era ferrenhamente anti-Estados Unidos, seu grupo era ferrenhamente anti-marxista, e boa parte das tensões que se seguiram na região foram fruto desse evento, como a invasão do Afeganistão pelos soviéticos, que tinham medo de um processo semelhante naquele país.

O primeiro capítulo faz uma espécie de preparação ao leitor, falando mais superficialmente sobre a revolução, seguido do capítulo 2, que tenta contextualizar rapidamente a transição da Pérsia histórica para o Irã moderno. O capítulo 3 fala sobre a dinastia de Pahlevi e o nacionalismo iraniano, enquanto o 4 fala sobre a crise do petróleo e os antecedentes da revolução. No 5, Coggiola fala sobre o fim da dinastia Pahlevi e a revolução em si, enquanto no seguinte o autor fala sobre a crise internacional e a guerra contra o Iraque. Nos dois últimos capítulos, o autor fala sobre o Irã sendo colocado como centro do “Eixo do mal”, pelo ocidente, e as provocações nucleares resultantes de tensões mais contemporâneas.

RESUMINDO:

A revolução iraniana é um livro bem conciso e uma excelente opção em língua portuguesa para começar a entender a história do Irã. Mesmo se você não for do tipo que lê rápido ou lê muito por dia, não é necessário muito tempo pra terminar o livro, e os livros dessa coleção com os quais eu tive contato até o momento têm uma linguagem bem acessível.